A escola insere-se em um contexto no qual às mudanças são constantes e ocorre em um ritmo cada vez mais acelerado, cujas características são determinadas pelos avanços tecnológicos, pelas informações, tendo como veículos de propagação as diversas mídias, em especial a televisão (por ser este o recurso tecnológico dos mais acessíveis à grande maioria das pessoas). É também marcado pelo apelo ao comportamento empreendedor, pensamento criativo, poder de iniciativa e de decisão, ao desenvolvimento do raciocínio crítico e reflexivo, enfim, exigindo das pessoas uma visão do todo, em se tratando de uma realidade globalizada. Nesse contexto, a escola, testemunha de uma grande contradição social e econômica (em nível de Brasil) como também dos conflitos políticos, econômicos e culturais mundiais, questiona-se como desenvolver a prática educativa que possa corresponder às necessidades desse contexto?
Um modelo de escola em que predomina a visão de transmitir conhecimentos, alheia aos fenômenos naturais de mudanças e construções de novos valores sociais, nega também a construção do saber, pois não existe conhecimento sem a consideração do meio e as interferências que ele promove no processo ensino e aprendizagem. A este tipo de posicionamento da escola, Morin (2000, pg.13), atribui as “cegueiras do conhecimento”: o erro e a ilusão, em que critica o conhecimento fragmentado, descontextualizado.
“A era planetária necessita situar tudo no contexto e no complexo planetário. O conhecimento do mundo como mundo é necessidade ao mesmo tempo intelectual e vital (...) Para articular e organizar os conhecimentos e assim reconhecer e conhecer os problemas do mundo é necessário a reforma do pensamento” (Id. Pg. 35).
A educação passou por várias mudanças no decorrer dos tempos. Novos rumos eram traçados, quando colocados em questão os aspectos relacionados ao processo ensino e aprendizagem. Quando estes não iam bem quanto a sua intenção e eficácia, novas formas de atuação da escola eram buscadas. Hoje se percebe essa busca como um processo dinâmico no contexto escolar, busca pautada nas exigências do contexto atual, fundamentada nos princípios da educação de qualidade, motivadora e que além de despertar o interesse do educando, permita-lhe satisfação pessoal na busca da própria formação. Essa busca por melhorias, é um esforço que deve ser coletivo e isso implica na quebra paradigmática de um conjunto de ações relacionadas à prática educativa. De acordo Lück (1995) não basta mudar um ou outro aspecto da ação educativa, tendo em vista seus resultados isoladamente, sugere que se deve rever a visão conjunta de todos os aspectos orientada pelo seu paradigma. Essa mudança, ainda segundo a autora, implica em ações correspondentes, interativa e interdisciplinar, as quais devem ser orientadas pela visão conjunta de seus desdobramentos. Lück afirma que o mundo oferece uma gana de possibilidades aos educandos e a escola trabalha orientada de acordo a ótica convencional e pragmática, às vezes até mostrando a realidade, mas sem permitir tocá-la ou experimentá-la, e, nesse caso, estará referendando a proposição de vitrine e explicando o mais e o maior pelo menos, e o menor. É justamente essa condição que torna o processo ensino e aprendizagem, desmotivador, enfadonho e irrealistico para o aluno. Partindo desse pressuposto podemos identificar que um dos inimigos da prática educativa reside na ótica reducionista e fragmentada do conhecimento.
“Para que a educação se transforme em um processo estimulante de formação do aluno e promotor de aprendizagens significativas é necessário adotar uma ótica que esteja em acordo com os fundamentos e princípios de que o papel da educação é o de levar o aluno a conhecer o mundo e a conhecer-se no mundo de modo participativo e atuante como sujeito desse processo” (Id. 1995).
Segundo Morin (2000), a reforma do pensamento, da educação é uma questão paradigmática.
“A esse problema universal confronta-se a educação do futuro, pois existe inadequação cada vez mais ampla, profunda e grave entre, de um lado, os saberes desunidos, divididos, compartimentados e, de outro, as realidades ou problemas cada vez mais multidisciplinares, transversais, multidimensionais, transnacionais, globais e planetários”. (Id. Pg. 36).
Para que o conhecimento seja pertinente, a educação deverá tornar evidente: o contexto, o global, o multidimensional e o complexo, ainda na visão de Morin. A interdisciplinaridade não representa o remédio para todos os males da educação. Ela corresponde a uma ótica que deve ser refletida sempre, é uma orientação para um trabalho que possibilite renovar a motivação de professores e alunos.
Trabalhar orientado pelo foco da interdisciplinaridade requer, por parte dos educadores a visão de que a finalidade do ensino não é só a de transmitir conhecimentos, ela vai além, pois é de responsabilidade da escola a formação do ser humano para a vida, para que ele seja capaz de tomar iniciativas e decisões para a resolução de problemas, que lhe possibilite o conhecimento científico para a compreensão da realidade, permitindo-lhe condições para dela participar.
Atuar numa proposta interdisciplinar defende Lück (1995), exige visão ao mesmo tempo aberta, abrangente e de futuro, que permita ver o todo em projeções futuras, perspectiva interativa, capacidade de ação como sujeito dos processos sociais. A autora exemplifica que no caso da educação, deve-se ter clara uma imagem da dinâmica da escola, de si próprio nessa escola e nessa dinâmica, de seu trabalho, de seus resultados, de seus alunos, de hoje e daqui a alguns anos; ressalta que se deve procurar compreender as diferenças culturais dentro da escola e a sua interatividade na prática pedagógica e na formação da sua dinâmica; que o professor deve perceber-se como um agente capaz de promover transformações na vida do educando e da própria escola e tudo isso demanda uma visão conjunta e interativa com o meio.
A prática interdisciplinar não é obtida estabelecendo relações entre conhecimentos considerados de modo desvinculado da realidade que representam. A problematização e a resolução de problemas constituem a base da prática interdisciplinar e a construção de conhecimentos se dá a partir de estágios de maturação de consciência. Daí resulta a construção da consciência pessoal globalizadora, capaz de compreender complexidades cada vez mais amplas. (LÜCK, 1995).
O Referencial Curricular da Educação Básica do Ensino Fundamental – anos iniciais e finais - das Escolas Públicas do Distrito Federal privilegia construção de competências e habilidades e aponta a necessidade de se trabalhar os Temas Transversais, defendendo uma aprendizagem significativa e interdisciplinar.
“A escola está inserida num contexto social no qual atua, modifica e do qual sofre influências; ela não pode fugir às discussões relativas a essa sociedade: é necessário que trate das questões que interferem na vida dos alunos e com os quais eles se vêem confrontados no seu dia-a-dia”. (...) “Uma orientação didático-pedagógica pertinente é a indicação da pedagogia de projetos para se trabalhar os Temas Transversais, pois ela não só considera as necessidades dos alunos como também edifica a aprendizagem a partir de um contexto significativo e da interdisciplinaridade”. (DISTRITO FEDERAL, BRASIL, 2002).
Nessa perspectiva, o Centro de Ensino Fundamental 08 de Sobradinho, busca uma ação educativa centrada na construção de aprendizagens significativas e o desenvolvimento de competências, norteando-se pelos princípios éticos e morais em que estão consolidadas as relações sociais, as do mundo do trabalho e as de convivência com o meio ambiente, numa abordagem interdisciplinar dos temas já previstos no Currículo do Ensino Fundamental das Escolas Públicas do Distrito Federal.
A atenção dessa unidade de ensino está na formação do ser humano, para que possa enfrentar os desafios emocionais e profissionais que encontrará ao longo da vida. Por isso é tão importante trabalharmos valores como respeito, esperança, solidariedade, justiça, amizade, honestidade, união, dedicação e a vontade de aprender e de construir um mundo de paz.
A escola não é colocada aqui apenas como um espaço formal de aprendizagem, mas sim onde se adquire o conhecimento por meio de experiências vividas. Nosso objetivo, portanto, é educar para a vida, fazendo com que o aluno cresça em todos os sentidos.
Os educadores desta escola se empenham tanto em construir conhecimentos, quanto em ensinar valores que são a base para que, no futuro, o aluno seja um adulto feliz, capacitado e consciente de seu papel na sociedade. Trabalha-se com o foco na descoberta do potencial do aluno e, em contrapartida, atende ao desenvolvimento de estratégias eficazes de aprendizagem dos alunos com defasagens (dificuldades de aprendizagem) ou com altas habilidades, adotando o portfólio como recurso para diagnóstico. Neste sentido, a integração com a sala de recursos para altas habilidades torna-se essencial para a aplicação do Modelo de Enriquecimento Escolar, no qual a escola torna-se um lugar de descoberta de talentos. (Renzulli, 1997). (Projeto em anexo)
Para alcançar os objetivos propostos, o estudo das diversas áreas do conhecimento tem como acepção o desenvolvimento de habilidades tais como: de criar, de refletir, de construir, de aprender, de participar, de expressar e, principalmente de compreender o mundo com suas complexidades, de modo que o educando possa fazer a relação destes conceitos com os conteúdos que “ganham vida” ao estabelecer significado no que aprende, ou seja, na conexão da teoria com o mundo real.
Considerando que esta Unidade de Ensino atende alunos do Ensino Fundamental - anos finais da 2ª etapa, 5ª, 6ª e 7ª séries – e também a Educação de Jovens e Adultos (EJA) entendemos que os conteúdos das diferentes áreas de ensino deverão referir à construção das capacidades intelectuais dos alunos, o pensamento autônomo, a construção da própria identidade e a consciência crítica, para que possam compreender e participar ativamente da vida social dando continuidade aos seus estudos.
Durante o processo pedagógico, estabelecemos condições para que o educando vá adquirindo de forma sistemática os conteúdos escolares, através de uma ação educativa que não esteja restrita somente ao conteúdo, nem aos elementos que a criança apresenta espontaneamente. Optamos por uma ação pedagógica que possibilita desenvolver no aluno uma forma de entrar em relação com o conhecimento enfatizando a curiosidade, o questionamento e a reflexão.
Os alunos de 5ª, 6ª e 7ª séries e turmas da EJA - estes últimos em defasagem em idade e série - apresentam uma faixa etária na qual a maior parte deles já se encontra na adolescência. O corpo docente procura trabalhar compreendendo esta fase da vida, direcionando seus propósitos e projetos para esta pessoa em construção, através do trabalho consciente, que une currículo e ética, que procura pensar nas dimensões humanas e plurais, despertando no jovem a sensibilidade para atender à necessidade de pensar a Justiça, a Igualdade, a Liberdade, a Humanidade a Solidariedade, valores universais que levam ao diálogo, que buscam a dignidade humana.
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